segunda-feira, 3 de maio de 2010

DISCURSO DE RATISBONA É MUITO MAIS QUE UMA QUESTÃO DO ISLÃO


Relação entre fé e razão no pontificado de Bento XVI em análise na UCP

O jornalista Francisco Sarsfield Cabral disse em Lisboa que “a relação fé e razão é a base do discurso de Ratisbona e não a dissidente questão com o Islão”.

O discurso em causa foi pronunciado por Bento XVI em Setembro de 2006, numa visita à Alemanha, tendo gerado protestos no seio da comunidade islâmica por causa da citação de um diálogo islâmico-cristão do século XIV em que o imperador bizantino Manuel II Paleólogo se dirigia ao seu interlocutor muçulmano: «Mostra-me também o que trouxe de novo Maomé, e encontrarás apenas coisas más e desumanas tais como a sua norma de propagar, através da espada, a fé que pregava».

Considerando que Bento XVI não terá sido prudente na citação relacionada com o Islão, Sarsfield Cabral sublinhou que “este Papa poderá não ser um grande chefe de diplomacia mas um grande pensador que não foge aos problemas, mesmo quando são difíceis,” disse.
No painel onde se pensou sobre o «discurso de Ratisbona» destacou-se a ideia de que uma fé aliada à razão vai contra a tradição helénica e o multiculturalismo, a desvalorização pós moderna contra a razão.

Francisco Sarsfield Cabral considera que actualmente existe um relativismo prático de valores, “o que interessa hoje é o “eu”, o bem-estar pessoal, o que eu penso e há uma desistência de ideias racionais”.

Já para o “não católico amigável e reivindicativo” Manuel Lucena, a “manutenção da relação razão fé é característica do Papa Bento XVI”.

O Professor do Instituto de Ciências Sociais considera que este discurso é um texto perigoso e realça a questão do Islão, onde o Papa aponta este país que recorreu à espada para expandir a fé.
Manuel Lucena esclarece ainda que a leitura do Alcorão e da Bíblia são diferentes e por isso diferentes perspectivas surgem: “O alcorão é tomado como as palavras de Deus e a Bíblia como palavras escritas pelos apóstolos”.

A última intervenção do painel esteve a cargo da jornalista Helena Matos que optou por fazer uma viagem pelo ano 2006, altura em que foi escrito o discurso de Ratisbona. Começou por recordar os episódios dos cartoons no início daquele ano e por falar da fúria de Deus que foi apresentada pela comunicação social.

“No entanto depois surgem os mártires de Deus que morrem pela fé e que não estamos preparados para ver e perceber”, disse.

Mais de 20 intelectuais portugueses estão reunidos esta Segunda-feira na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, para uma reflexão sobre o pensamento de Bento XVI que se conclui com a presença do Cardeal-Patriarca, D. José Policarpo.

1 comentário:

Anónimo disse...

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