quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

CAMPO MAIOR: MURALHA DERRUBADA PELA CHUVA


Hoje in "Diário de Notícias"

Desmoronamento de troço da muralha do castelo obriga ao realojamento de cerca de 50 famílias
Um troço da muralha do castelo de Campo Maior, classificado como monumento nacional, desmoronou-se durante a noite de ontem em consequência das fortes chuvadas que atingiram a região nos últimos dias. Além da perda cultural, o mau tempo vai obrigar também ao realojamento de várias dezenas de famílias que ali moram.
"É uma perda patrimonial importante e o desmoronamento deste troço, com cerca de cinco metros de largura, vem obrigar ao realojamento imediato de cerca de 50 famílias de etnia cigana que residem junto à muralha", avança ao DN Alexandre Florentino, adjunto do presidente da Câmara Municipal de Campo Maior.
Segundo a autarquia, o desmoronamento, que não provocou danos pessoais, resulta do "abandono" a que foi deixado aquele troço de muralha e dos efeitos do mau tempo, em particular das infiltrações de água.
Parte da estrutura, construída no século XVII sob direcção do engenheiro militar e arquitecto francês Nicolau de Langres, acabou por ruir, o que levou o município a activar os serviços de Protecção Civil, ordenando o isolamento imediato da zona.
"A maior parte das muralhas está quase destruída. Se nada for feito, o mais certo é que outros troços acabem por cair", acrescenta Alexandre Florentino. Segundo o adjunto do presidente, para além das questões patrimoniais, está também em causa um "problema de segurança pública".
É que na zona residem cerca de 50 famílias de etnia cigana para as quais terão de ser encontradas "alternativas de alojamento", pois "ninguém pode garantir que não venham a ocorrer outras derrocadas".
A comunidade habita em barracas, muitas delas sem água, luz ou esgotos, numa situação que João Manuel Nabeiro, o homem- -forte dos cafés Delta, classificou há dois anos como sendo uma "vergonha" e um "verdadeiro atentado à saúde pública".
Na altura, a autarquia garantiu não ter condições para proceder ao realojamento destas famílias, "empurrando" o assunto para a Segurança Social. Agora, depois da mudança na gestão política do município, em consequência das últimas eleições autárquicas, e do desmoronamento parcial da muralha, a Câmara Municipal de Campo Maior diz já ter solicitado apoio ao Governo Civil de Portalegre para avançar com o realojamento.
"Para já, o objectivo é encontrar uma solução temporária para aquelas famílias, mas é intenção da autarquia avançar com uma solução de alojamento definiti- va pelo que será fundamental o apoio das entidades governamentais através de fundos de apoio à habitação", diz fonte autárquica.
Segundo apurou o DN, o presidente da autarquia, Ricardo Pinheiro, irá reunir-se na próxima quarta-feira com a Direcção Regional de Cultura do Alentejo, a quem irá exigir uma "intervenção imediata para pôr fim a um problema que se arrasta há anos e que infelizmente já não se esgota na questão patrimonial, tendo agora colocado em risco pessoas e bens".

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