quarta-feira, 12 de agosto de 2009

MAIS DE METADE DAS CASAS PORTUGUESAS NÂO TEM INTERNET

Lisboa é única região com mais de 50% ligados à Net
Região Centro é a que consome menos telemóvel, internet e TV cabo, diz estudo da Anacom

00h30m in "JN"
JOSÉ MIGUEL GASPAR

O consumo de comunicações electrónicas espelha o desnível do país: Lisboa e as ilhas têm mais utilizadores de TV cabo, internet e telemóvel - deixando o Centro do lado oposto. Inquérito diz que os mais instruídos são também mais consumistas.
Lisboa é a única região do país onde os utilizadores de internet são uma maioria (54%). Nas restantes regiões, a taxa de penetração ainda não chega sequer a metade dos portugueses: 38% no Alentejo; 40% no Centro; 41% nos Açores; 45% na Madeira; e 46% no Norte. Esta é a conclusão central do "Inquérito ao consumo dos serviços de comunicações electrónicas", ontem divulgado pela Anacom-Autoridade Nacional de Comunicações (Dezembro 2008), e que expõe, neste capítulo, a diferença de desenvolvimento entre a capital e o resto do país - em Lisboa há mais 16% de consumidores de net do que no Alentejo e mais 14% do que no Centro.
No todo nacional, 54,2% dos portugueses ainda não têm internet. Os motivos da não utilização do serviço são, se comparados com o ano anterior, reveladores: em 2007, 5,4% diziam não haver ninguém no agregado familiar que soubesse usar a net; um ano depois, o número subiu para 21%. Com o custo do computador aconteceu o mesmo: de 4% passamos para 9,6%.
Mas o inquérito não se cinge ao universo da comunicação por computador, analisando também telefones fixos, móveis e subscrição de TV por cabo, e entre sete regiões.
Se estes consumos são indicadores do nível e qualidade de vida dos portugueses, então facilmente se conclui que o Centro é a região mais desfavorecida e que nas ilhas se vive melhor. Tome-se o exemplo da TV cabo: na Madeira, 78% das famílias tem canais pagos (Açores: 77%). No lado oposto encontramos o Centro (só 28%). No Norte são 36%; no Alentejo 45%; e em Lisboa 58% dos lares tem TV cabo.
Nos telefones móveis, o panorama é semelhante: os maiores consumidores estão em Lisboa (88%) e na Madeira (84%); onde há menos é no Centro (69%) e no Norte (71%). No Algarve há 73% (o estudo não possui dados de outros consumos nesta região).
Segundo a Anacom, o cenário de consumos só se inverte no que toca ao telefone fixo: os que mais o usam são dos Açores (77%) e do Alentejo (70%). Os que menos recorrem à rede fixa são madeirenses (36%).
Entre as outras conclusões, a lógica e o senso deixam o seu sublinhado: as crianças influenciam o consumo dentro dos agregados familiares (mais net, telemóvel e TV cabo do que em famílias sem crianças); quanto maior é a classe social, maior é o consumo; quanto mais velho é o utilizador, menor é o uso da comunicação electrónica (excepto no telefone fixo e a partir dos 55 anos); e, por fim, quanto mais instruídos são os portugueses, maior é o seu nível de consumismo nas comunicações - única excepção para o telefone fixo. Nos telefones móveis, como seria expectável, os estudantes são os maiores consumistas (94%), por oposição aos reformados (53%).
Net é o serviço com mais queixas, telemóvel é o que regista menos
Entre telefone, telemóvel, TV cabo e internet, é esta última que provoca mais queixas (9% apresentou reclamação) neste estudo da Anacom. Os principais motivos são: quebra de ligação (58%) e lentidão no acesso (31%), mas 17% também reclama erros de facturação. Os utilizadores da Net estão, de resto, cada vez mais exigentes: numa escala de 1 (muito insatisfeito) a 10 (muito satisfeito), o nível de contentamento com a resolução das reclamações é negativo (4,7%). Por oposição, é nos serviços de telemóvel que se verifica o menor número de queixas (3,6%). Erros de facturação (27%) e tarifários (21%) são os motivos. A taxa de reclamação no telefone fixo é de 6,7% e tem a ver com: avaria do equipamento (31%), falhas na rede (23%) e erros de facturação (22%). No serviço de TV cabo (taxa de reclamação: 6,4%), as queixas só têm duas razões: avaria (48%) e interrupção do sinal (42%).
O que está a dar
iPhone afirma um estilo de vidaTer um Swatch não é sinónimo de ter um relógio. Quem pensa o contrário é porque não percebeu o conceito. Ter um iPhone também não é (só) ter um telemóvel. É a afirmação de um certo estilo de vida, tal como sucede com o leitor de Mp3 mais famoso: o iPod, outro produto da Apple. Em apenas 133 gramas, "condensa-se" iPod, internet e email, GPS, ecrã Multitouch, bluetooth 2.1+EDR, vídeo, MMS e câmara de 3 megapixéis.
Sistema operativo que é de todos nós
O sistema operativo Android, criado inicialmente pela Google, permite que qualquer um possa desenvolver aplicações e colocá-las ao serviço de outros. Trata-se do conceito "open source" presente no Linux. É um sistema que permite, por exemplo, desenvolver soluções multimédia para telemóveis. O HTC Magic da TMN já tem o sistema.
Blackberry foi pioneiro
Quando a Apple lançou o iPhone 3G na sua principal loja de Londres, estavam na fila vários homens de fato e gravata. O "Financial Times" quis saber o motivo que os levou ali. Um mostrou o seu BlackBerry da RIM e disse: "Porque este é muito feio". O Blackberry foi o pioneiro do "telemóvel total" (2002). Um aparelho visto nas mãos de ministros, presidentes e altos funcionários de vários países.

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