terça-feira, 11 de agosto de 2009

AVEIRO: ÁGUA DAS CONDUTAS VAI SER UTILIZADA PARA PRODUZIR ELECTRICIDADE

Primeiros investimentos na nova solução energética arrancam no Algarve e em Aveiro
00h30m in "JN"
CATARINA CRAVEIRO

Condutas de água potável vão ser usadas para produzir energia. A primeira mini-hídrica arrancou no Algarve, a segunda será inaugurada no primeiro trimestre de 2010, em Aveiro. O que as distingue é a tecnologia utilizada.
Aveiro vai receber a primeira central de produção de energia a partir de uma rede de abastecimento de água potável. O projecto, ontem anunciado, tem uma capacidade de 0,085 Mw, o que equivale à potência instalada de 20 casas de habitação. Num ano, a empresa responsável estima que a instalação produza aproximadamente 550 Mw/hora.
O projecto está a ser desenvolvido e financiado pelo consórcio Spheraa/Luságua num investimento inicial de 200 mil euros, avançou João Pereira, sócio gerente da Spheraa, ao JN. A dona da estrutura é a Associação dos Municípios do Carvoeiro-Vouga, estando a gestão a cargo da Águas do Vouga.
A mini-hídrica vai ser instalada na central de abastecimento de água de Aveiro, mas o objectivo é avançar com o projecto para a generalidade da rede.
"Este é o pontapé de saída", disse o mesmo responsável, acrescentando que este é "um projecto com potências reduzidas, mas economicamente viável, em que o intuito é perceber se pode tornar-se num modelo de negócio". Trata-se então de uma mini-turbina instalada numa conduta de água. Ou seja, o consórcio detém uma conduta de entrada num dos reservatórios que abastecem a cidade e onde é instalado um "bypass". A energia é produzida através do movimento da água que faz girar as turbinas, sem comprometer a qualidade da água. Este sistema permite, em simultâneo, fazer o abastecimento da população e produzir electricidade.
As centrais de produção de energia a partir de uma rede de abastecimento de água potável não são novidade. Já em Março, a Águas de Portugal instalou uma central micro-hídrica na Estação de Tratamento de Águas (ETA) do Beliche, onde é aproveitada a energia cinética e potencial do caudal de água bruta para a produção eléctrica a utilizar naquela instalação. A diferença entre esta e a de Aveiro está na tecnologia utilizada. Em Beliche, o processo é feito através de uma bomba ao contrário que impulsiona água como uma turbina. A potência instalada é de 0,02Mw, sendo que anualmente a instalação produz 120Mw/hora. A Águas de Portugal prevê instalar a tecnologia em mais 70 locais, até 2014.
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Ora aqui está uma boa notícia que, a ser devidamente implementada, pode ser o início de uma forma sustentada de produção energética, sem que para tal seja necessário, destruir a paisagem natural com a construção de barragens, como presentemente se acontece.
A implementação deste tipo de turbinas, na rede pública de abastecimento de água, pode ser feita tanto nas grandes cidades, como nas aldeias mais recônditas do interior do território, aproveitando sómente a força natural da água, exercida nas condutas.
Este método, não é novo como ideia, mas é inovador na sua aplicabilidade prática e resulta de uma necessária consciencialização dos técnicos responsáveis, pela actual necessidade de criar formas alternativas de energia.
Nos projectos de arquitectura novos, é também necessário e obrigatório que o arquitecto se consciencialize da necessidade de enveredar por este caminho, desenvolvendo e inventando este tipo de soluções; por exemplo, o aproveitamento em depósitos específicos, de águas pluviais provenientes das escorrências dos telhados e coberturas, para a rede de sanitários, rega e lavagens, pode mostrar-se uma mais valia económica e ao mesmo tempo, permite o não esbanjamento de água potável nos exemplos atrás citados, que deve ser hoje em dia encarado, como despesismo parôlo, inútil e de uma falta de consciência, fruto de falta de sentido de cidadania e sobretudo, de sobrevivência.
Luís Marques da Silva, arq

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