segunda-feira, 6 de julho de 2009

PORTO: 30 MESES DE BUROCRACIA PARA COMEÇAR UMA OBRA

Requalificação avançou em 12 quarteirões e 75 edifícios do centro
00h30m
CARLA SOFIA LUZ E HUGO SILVA
Quem quer reabilitar um edifício gasta, "no mínimo", 30 meses em burocracia. Arlindo Cunha, líder da Porto Vivo, sublinha a urgência da alteração da lei. Em quatro a-nos de sociedade de reabilitação, no Porto há obras em 75 edifícios.
"É um processo lento", referiu Arlindo Cunha, revelando que a Porto Vivo - Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) propôs à tutela governamental um "encurtamento dos prazos" exigidos para os trâmites que antecedem a efectiva execução da obra.
Até agora, a SRU aprovou os documentos estratégicos para 23 quarteirões, tendo sido assinados 140 contratos de reabilitação. Há mais 380 "prontos para assinar". No terreno, há obras em 12 quarteirões e em 75 edifícios. O investimento, na maioria privado, ascende a 161 milhões de euros.
A crise tem reflexos no processo de reabilitação da Baixa do Porto. "Sentimos algum diferimento no tempo de alguns investimentos. No entanto, ao contrário do que aconteceu com outros sectores da construção, a reabilitação urbana não parou. É diferente, trata-se de um mercado que não está saturado", disse Arlindo Cunha.
"Há projectos de grupos espanhóis e portugueses suspensos. Compraram os edifícios com preço empolado e, agora, estão a tentar vender ao mesmo preço, mas não conseguem", confirmou José Luís Kendall, da Kendall & Associados, que foi parceira da Porto Vivo no ano passado.
A Habiserve, por exemplo, abandonou os três projectos para habitações T0 e T1 nas ruas de S. João, de Álvares Cabral e do Almada. Também a Squarestone desistiu dos investimentos nas ruas do Bicalho e da Reboleira. A decisão veio de Londres, pelo facto dos prédios não estarem na primeira linha de rio. A empresa mantém os dois projectos imobiliários na marginal fluvial de Gaia: as habitações da Destilaria do Álcool estão a ser comercializadas, mas a reconversão do antigo Hard Club não tem data para avançar.
Ao JN, Arlindo Cunha sublinhou que à Loja da Reabilitação têm chegado muitas pessoas interessadas em morar no centro do Porto. "Há muito mais gente a procurar casa do que a vender", observou. "A maioria são jovens, o que é ainda mais importante para criar dinâmica", acrescentou.
"Há maior procura de tipologias pequenas, desde T0 a T2", referiu José Luís Kendall, acrescentando que, apesar de haver quem queira comprar, a maioria pretende arrendar.
"A oferta de tipologias baixas no centro do Porto é muito diminuta. Ainda hoje andamos com promotores que pedem imóveis para converter em habitação com tipologias pequenas para satisfazer a procura", referiu.
Na Baixa do Porto, os investidores têm mostrado especial apetência para apostar na indústria hoteleira. Arlindo Cunha enumera a localização de sete unidades já em obra ou em vias de avançar: quarteirão do Infante, Casa dos Ferrazes, Cardosas, Praça da Liberdade, Morro da Sé (hostel), Praça dos Poveiros e Passos Manuel (já abriu).
José Luís Kendall lembrou, ainda, que uma cadeia espanhola vai construir um hotel no edifício da Pensão Monumental e que também nas antigas instalações da Seguradora Império (em frente à Brasileira) e na Casa Navarro (Praça da Liberdade) vão nascer mais duas unidades.
in Jornal de Noticías"

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