terça-feira, 30 de junho de 2009

CARROS ELÉCTRICOS EM PORTUGAL?

Entre 1996, a General Motors produziu os primeiros carros eléctricos em série, os EV1. Foram retirados do mercado dez anos mais tardeD.R.


O Vanguard-Sebring CitiCar é lançado em 1974, em Washington. Tinha uma autonomia de 64 quilómetros a 48 km/horaD.R.


Em 1899 é construído, na Bélgica, o “Le jamais contente”, o primeiro carro eléctrico a ultrapassar os 100 km/hora, com pneus Michelin e pilotado por Camile JenazD.R.

Thomas Parker no primeiro carro eléctrico, em 1884. A imagem foi tornada pública em Abril por Graham Parker, neto do construtorD.R.



Compraria um carro eléctrico?
por Ana Rita Guerra, Publicado em 30 de Junho de 2009


Com um cartão pós-pago na carteira e uma rede estratégica de carregadores de bateria, qualquer português poderá ser o feliz proprietário de um carro eléctrico em menos de dois anos. A rede de abastecimento eléctrica arranca já em 2009 e vai abranger 21 municípios na fase piloto, com a instalação de 1300 pontos de carregamento no próximo ano e meio. Não estranhe, portanto, se começar a ver postos altamente tecnológicos com a marca da Efacec em parques de estacionamento públicos, hotéis ou centros comerciais. É nestas "tomadas" gigantes, com tecnologia exclusivamente portuguesa, que poderá "abastecer" o seu carro mais brevemente do que imagina. Ou não fosse esta rede "uma escolha ambiciosa de um país que quer estar na vanguarda tecnológica", como disse ontem o primeiro-ministro José Sócrates na conferência Recharging Portugal, onde todo o plano de mobilidade eléctrica foi anunciado. Mobi.E O consórcio que envolve o governo e várias empresas nacionais e internacionais pretende transformar Portugal num dos primeiros países a instalar uma rede total de produção e abastecimento de carros eléctricos. Assinada a parceria com a aliança Renault-Nissan, no ano passado, o governo deu gás ao consórcio de empresas que desenvolveu o posto abastecedor de baterias: Efacec, EDP Inovação, Critical Software, Novabase, Inteli e Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel. Estes postos serão compatíveis com todas as marcas de carros eléctricos e estarão disponíveis em duas modalidades: carregamento rápido e carregamento lento. A maioria das baterias dos carros eléctricos demora seis a oito horas a carregar totalmente. Quanto aos carros eléctricos, a Mitsubishi promete o i-MiEV em Portugal já para 2010, enquanto a Renault-Nissan só trará o primeiro modelo na Primavera de 2011. Resta saber se os portugueses estarão dispostos a ser pioneiros também como compradores.

1. RAZÕES: o bom e o mau

Combustível mais barato Quanto maior a rede, mais barata será a electricidade usada para carregar o veículo. Além disso, haverá concorrência entre os fornecedores, o que estimula os preços em baixa.
Autonomia limitada Numa fase inicial, conte com um máximo de 100 a 160 quilómetros por carregamento completo. A Nissan calcula que, em poucos anos, se atinjam 250 quilómetros de autonomia.
Prioridade para estacionar Este é um forte ponto a favor. Serão criadas zonas de estacionamento prioritário para carros eléctricos nos centros urbanos.
Menor Velocidade No caso da Nissan, o carro eléctrico que chega em 2011 terá um limite de velocidade de 135 km/h, enquanto o i-MiEV da Mitsubishi acelera até aos 130 km/h.
Zonas exclusivas Constituem outro incentivo dos municípios, que criarão zonas de emissão reduzidas, permitindo no limite o acesso apenas a carros eléctricos. Imagine, por exemplo, o centro poluído de uma cidade ou zonas como a Baixa de Lisboa.
Menor potência Os tempos de arranque têm vindo a melhorar, mas ainda não se comparam aos motores de combustão. O i-MiEV tem 63 cavalos e o da Nissan, que ainda não foi revelado, não deverá andar muito longe disso.
Maior dependência da rede da abastecimento A baixa autonomia da bateria só pode ser compensada com uma extensa rede de abastecimento, que não só cubra os principais pontos das cidades mas também da sua interligação. O medo dos condutores é ficar sem bateria e sem carregadores por perto.
Menos poluição e ruído A jóia da coroa dos carros eléctricos é a tremenda revolução que operam na qualidade de vida: emissões ambientais zero, funcionamento silencioso e eliminação da dependência de combustíveis que “dão” choques petrolíferos.

2. POLÍTICAS: chegar a Quioto antes dos outros
O empurrão que o governo de Sócrates está a dar à Mobi.E, entidade que irá gerir toda a rede de carros eléctricos portuguesa, faz parte de uma estratégia mais ampla para colocar “Portugal na linha da frente” dos países que pretendem atingir os objectivos de Quioto antes dos outros. Ontem, na conferência Recharging Portugal, o ministro da Economia Manuel Pinho sublinhou que “Portugal é o quinto país do mundo que produz mais electricidade a partir de fontes limpas”. Pinho garantiu que o país “assumiu uma posição de liderança a nível mundial” e que a Mobi.E é “um pequeno passo” para resolver um dos mais graves problemas do século XXI: a eficiência energética. Mas onde se encaixam os carros eléctricos na política ambiental? Sócrates, Pinho e Nunes Correia, ministro do Ambiente, repetiram que Portugal tem o maior parque eólico da Europa (no Minho) e que é líder na energia solar. Que incentivar a troca de carros convencionais por modelos eléctricos é uma das fórmulas que irá resolver o problema estrutural da economia portuguesa – já que a factura energética pesa muito no endividamento externo do país. A este pacote, adicionam-se os incentivos fiscais ao abate de veículos poluidores e maior penalização dos veículos novos e pouco amigos do ambiente. Nesta estratégia, os carros eléctricos beneficiam de isenção de imposto sobre veículos e imposto único de circulação, além de deduções fiscais. Tudo para que Portugal seja um país “mais independente e autónomo” dos combustíveis fósseis, como disse José Sócrates.

3. OPÇÕES: carros para todos os gostos
01 Mitsubishi i-MiEV Mais do que chegar primeiro à festa dos carros eléctricos, este modelo arrisca-se a ser a sua atracção principal. Chega em 2010 com 63 cavalos, 130 km/h de velocidade máxima e 100 km de autonomia. Cada 100 quilómetros percorridos vão custar cerca de 1,30 euros.
02 Nissan Ainda não se sabe qual o nome do modelo, que a fabricante vai desvendar no Japão a 2 de Agosto. Sabe-se que chega a Portugal na Primavera de 2011 com 135 km/h de velocidade máxima, 160 km de autonomia, cinco lugares e bagageira espaçosa. Será maior que o Cube Dink (na foto), que também é lançado em 2010.
03 MetroBuddy É o carro eléctrico ‘made in’ Portugal que começa a ser exportado para a Noruega ainda este ano. O CEIIA, que desenvolveu o modelo a pedido da empresa norueguesa Elbil Norge, já tem 7 veículos destes a circular no país e está a testar protótipos. Tal como o design indica, é um carro citadino feito para percorrer pequenas e médias distâncias.

4. REDE: abastecer em qualquer lado do país
A rede de abastecimento das baterias de lítio para os carros eléctricos entra em modo piloto já este ano, com a instalação de 100 postos até ao final de 2009. Ontem, 21 municípios de todo o país assinaram protocolos com o governo comprometendo-se a promover a instalação dos postos, em locais tão diversos como centros comerciais, aeroportos, bombas de gasolina e até garagens particulares (para o abastecimento nocturno). Até 2011 estarão instalados 1300 pontos de carregamento. Os municípios comprometeram-se também a criar incentivos para a compra de carros eléctricos, tanto fiscais como de mobilidade.
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