quarta-feira, 10 de setembro de 2008

ORDEM DOS ARQUITECTOS; da reunião de dia 9 de Setembro sobre o Largo do Rato, alguém esperava outra coisa?

Dulce Fernandes/PÚBLICO (Arquivo)




O projecto de arquitectura para o Rato já tinha sido aprovado em Julho de 2005



Apresentação do projecto de edifício no Largo do Rato

10.09.2008 - 10h26 Lusa

O projecto de um novo edifício para o Largo do Rato, em Lisboa, foi apresentado ontem. Os arquitectos Valsassina e Aires Mateus ouviram da plateia críticas e elogios sobre o projecto.

Manuel Aires Mateus lembrou que a obra no gaveto formado pela Rua do Salitre, Rua Alexandre Herculano e Largo do Rato não corresponde a uma substituição, porque o prédio degradado que vai ser substituído não tem qualquer valor patrimonial.

O executivo da Câmara de Lisboa, com excepção dos seis vereadores do PS, indeferiu a proposta de emissão de licença de construção da habitação, em Julho passado. O vereador do urbanismo Manuel Salgado participou na iniciativa da Secção Regional Sul da Ordem dos Arquitectos.

Explicando que o pelouro que tutela "não teve hesitações" quanto à qualidade do projecto, Manuel Salgado admitiu estar já à espera de alguma polémica.

"Estou completamente seguro de que o projecto cumpre todos os regulamentos. O único reparo da sindicância [análise administrativa] era o de que devia estar na área de intervenção do Plano de Urbanização da Avenida da Liberdade, o que nunca foi feito por se pensar que o Rato teria um plano específico", afirmou.

Já a vereadora Helena Roseta, justificou o seu voto contra devido à detecção da infracção de uma norma do Regulamento Geral das Edificações Urbanas. O vereador do Urbanismo e os arquitectos recusam o erro, já que o Plano Director Municipal invalida o artigo em questão em zonas históricas de habitação.

O prédio será composto por apartamentos T0 e T1 e terá um desenho abstracto, com a distribuição irregular de pedra e vidro, para melhor se relacionar com os edifícios com mais ou menos andares.

1 comentário:

com senso disse...

Agradeço ao arquitecto Luis Marques da Silva a importante informação que aqui nos traz!
Eu, que não sou arquitecto, mas um simples cidadão que ama a sua cidade, fico perplexo quando vejo discutidos pelos senhores vereadores pormenores técnicos, sem se colocarem nunca na posição que deveriam, ou seja, a de que defendem o modelo X, ou o modelo Y para a sua cidade. Afinal os senhores vereadores, têm ou não uma ideia de cidade?
Não deveria ser essa a sua função política?
Para mim, o que está em causa não é o objecto arquitectónico resultante do projecto (que por acaso até nem gosto muito). O que está em causa, no meu entender é a manutenção (ou não) de um certo "carácter", de uma certa ambiência naquela zona da cidade.
Peças arquitectónicas modernas terão certamente lugar nesta cidade, mas em locais próprios.
A zona do Rato tem caracteristicas muito específicas, possui uma ambiência novecentista muito agradável e é essa ambiência que eu gostaria que fosse preservada.
E gostaria que fosse preservada porque amo Lisboa.
Será que os senhores vereadores também a amam? Ou estão nesses lugares para destruirem a Lisboa existente e para criarem em seu lugar uma outra "coisa". E que coisa?
A edificação que se prevê destruir pode não ter, em si mesma, qualquer interesse arquitectónico, mas a que a fosse susbtituir deveria, no meu modesto entender, de enquadrar-se no estilo da zona.
Será que isso é assim tão complicado de conseguir?