segunda-feira, 28 de abril de 2008

LISBOA NO SEU MELHOR...Largo de D. Estefânia; património a destruir


Mais um exemplo de degradação e, posterior destruição, do nosso património edificado; isto passa-se na esquina da Casal Ribeiro com o Largo de D. Estefânia.

Para além do perigo eminente de queda de alguns elementos de fachada, pondo em risco a segurança dos transeuntes e automóveis, é a própria degradação de toda a zona, por osmose, que está em causa.

Num Largo integrado numa zona que deveria manter um cariz romântico, com uma ainda lógica de bairro, onde se conhecem os vizinhos, onde se consome do talho, da frutaria da esquina, da peixaria, da pastelaria e por aí fora, revitalizar a zona, reabilitando o património edificado, é um imperativo socio-cultural que só ajudaria a parar o fenómeno de desertificação que atingiu outras zonas da cidade.

Aqui, ainda é possível evitar a especulação imobiliária, utilizando e restaurando o construído, que passa por óptimos apartamentos de belos tectos de estuque trabalhado, pé-direitos de mais de 3.00m, portadas e escadas de madeira e ferro da "belle époque" dos finais do sec. XIX; são casas que possuem aquele encanto que ainda nos faz gostar de Lisboa.

É possível trazer gentes novas para habitar a zona, provenientes de áreas socio-culturais díspares e que ajudam a dinamizar estes núcleos habitacionais com o seu vanguardismo intelectual, criando-se também a ligação necessária com os mais antigos residentes, por forma a dar continuidade á tradição das vivências humanas e sociais características da cidade.

É pena que, apesar da possibilidade prevista na legislação de realização de obras coercivas por parte das autarquias, estas continuem a permitir estas situações, por força dos interesses especulativos de pressão, tendo em conta o maior lucro obtido.

Contrariando o que aconteceu e acontece por essa europa, fora onde se restaura e recupera o que é ou foi destruído pelas guerras ou conflitos, como é o caso de Dubrovnic, na Croácia, onde tudo o que foi destruído pelos bombardeamentos Sérvios foi meticulosamente recuperado, por cá tudo se destrói em nome de um progresso parolo e comesinho, sujeito ao lucro fácil e imediato, não percebendo quem assim age, a mais valia que é a recuperação das zonas mais tradicionais e históricas da cidade.

1 comentário:

com senso disse...

Concordo em 100% consigo.
Acho este seu blog muito importante. Eu sou apenas um simples cidadão e nestas matérias a voz de um arquitecto é sempre ouvida com mais atenção.
Irei acompanhar este blog sempre que possível e, caso não se importe, gostaria, desde que venha a propósito, citá-lo, colocando links para este seu excelente blog...
Obrigado!