segunda-feira, 19 de setembro de 2011

VOLTAR ÁS ORIGENS? PORQUE NÃO?

Casos como o Freeport, Moderna, BPN, Quinta do vale da Rosa, Casa Pia, caso Maddie, desvios para off shores, cursos de filosofia, idas para Cabo Verde, assassinatos de velhinhas ricas, buracos escondidos e omitidos e mais e mais, parece passarem ao lado da maioria dos portugueses... Isso que interessa?

Ontem, fui almoçar, como faço todos os dias... Mas o Domingo é especial:
Queria estar sossegado, discretamente sentado numa esplanada...

Passava das quinze horas. De repente, debaixo de um magnífico sol, de uma igualmente fantástica tarde, começou uma enchente de pessoas, iguais, quase clonadas; pareciam-me todos CR7's. Olhava, pasmava, esfregava os olhos e persistia em não acreditar:
O exagero das marcas salientes nas roupas, nos óculos, nos sapatos, nos cintos... No exagero da pose, da soberba com que chegavam, moçoilos e moçoilas, de chave na mão, do Tdi, que iam deixando quase em frente á porta, amontoados, mesmo ao lado da cadeira, para que todos víssemos de quem eram:
Mal estacionado, em cima do passeio, que importa?

Eram alemães, suecos, dinamarqueses? Cidadãos de países ricos, cultos e com desenvolvimento sustentado? Não, esses pelintras vão de transportes públicos e de bicicleta para o trabalho! Muito mais importantes que esses povos; eram só cultos e ricos portugueses, pois então. Que outros poderiam ser?

Uma pessoa nem se sente bem…

Discutem por um lugar, não passam, não deixam passar, mal dispostos, correm em atropelos para uma mesa, uma cadeira é disputada no ar... Oferecem pancada á esquerda e á direita. Mandam em tudo...

Tudo é artificial, armado, psicadélico, musculoso, depilado, luzidio, bronzeado num tom quase torrado… Todo este teatro burlesco, meticulosamente preparado umas horas antes, em frente ao espelho, para gastar numa fugaz e efémera tarde de Domingo, mas que importa? O importante é que ali, no calor daquela tarde, mais uma assim passada, para que os outros vejam, são os senhores do mundo. Aí de quem lhes desfaça este sonho real.

O país definha, está em risco, hipotecado e desgraçado? Os políticos omitem, roubam, vendem-se? Na ânsia de querem mostrar o que não são, muitos portugueses (os tais bons), esquecem-se do estado miserável, patético e boçal, a que estão reduzidos…

E eu, estou farto disto, de lutar por causas que nada dizem á maioria das pessoas, que as acham desnecessárias, percas de tempo, que não vão dar em nada. Cada dia que passa e mais penso, mais certeza tenho que no fundo, só temos aquilo que merecemos:

Voltar aos socos, ás calças com fundilhos e com cordas a apertá-las e, decididamente, aos carros de bois, se bem que todos teriam uma chapa Tdi pregada nas traseiras?

Voltar ás origens? Porque não?

É esse o nosso lugar; é esse o nosso fim!



2 comentários:

com senso disse...

Confesso que compreendo bem o sentimento de revolta e de impotência que por vezes se sente ao perceber que nos estamos a envolver em causas de interesse comum, que gastamos o nosso tempo, esforço e paciência para dignificar um País repleto de gentinha que se só se importa consigo mesma e que não consegue ter sequer um pensamento articulado.
Mas, após esse sentimento inicial de desânimo, volto a pensar que não posso desistir!
Porque o mundo não é só aquilo... e mesmo aquilo pode vir a mudar!
Gostei de ler!

Arq. Luís Marques da silva disse...

Obrigado.