terça-feira, 3 de maio de 2011

Parlamento recomenda ao Governo a não dispersão do património do Hospital Miguel Bombarda e a sua permanência no local

Exmo(a) Senhor(a)

No passado dia 6, o Parlamento aprovou em Plenário e por unanimidade (e com os votos favoráveis do PS) uma recomendação ao Governo para que o acervo patrimonial e documental do extinto Hospital Miguel Bombarda seja preservado e valorizado, incluindo o Balneário D. Maria II, o Pavilhão de Segurança e a sua envolvente, além de especificar que os vários elementos artísticos, documentais, clínico e mobiliário devem permanecer no local, integrados no Museu (veja-se documentação em anexo)

A recomendação dos deputados estabelece assim a não dispersão (para o Hospital Júlio de Matos e outras instituições) das valiosíssimas e interdependentes colecções e arquivos - colecções de arte de doentes (5.000 obras), de fotografia (5.500 exemplares), e arquivos clínicos que remontam a 1848 - e não isola e restringe o espaço museológico ao Pavilhão de Segurança, o que contraria o silêncio e a indefinição que tem vindo a ser expresso pelos ministérios da Saúde e da Cultura, acompanhadas por declarações que tentam desvalorizar o seu riquíssimo acervo cultural e científico.

A própria Estamo, empresa pública que adquiriu o hospital, terá despendido, provavelmente, centenas de milhar de euros em estudos de arquitectura prevendo demolições e construções novas, sem atender à futura utilização dos antigos edifícios; estudos anunciados na imprensa mas que não foram sujeitos à aprovação do IGESPAR.

A recomendação dos deputados ao governo representa um importante passo para a constituição (a curto prazo e com custos reduzidos) de um Museu de Arte de Doentes, Outsider Art e Neurociências, moderno e de nível internacional, único na Península e que atrairá, estamos certos, um grande número de visitantes, contribuindo assim para a economia do país; tal como foi proposto no Apelo de Dezembro subscrito por notáveis personalidades da Cultura e da Ciência, como Paula Rego, Joana Vasconcelos, Simoneta Luz Afonso, Raquel Henriques da Silva, António Damásio e António Lobo Antunes. (ver Apelo em anexo)

O futuro Museu (dirigido e defendido de forma exemplar até há pouco tempo pelo seu fundador, Dr.Victor Freire) será prestigiante para a cultura portuguesa, contemplaria, além dos belíssimos e singulares imóveis classificados, o seu alargamento para o histórico edifício principal, com salas para exposições temporárias e para divulgar o vasto acervo, atelier para a expressão criativa de doentes, sala de conferências (no salão com azulejaria barroca), o correcto acondicionamento dos arquivos, disponíveis para investigação; a continuação do programa de crescimento das colecções por doação e aquisição de obras (como as do famoso Jaime Fernandes, que continuam a sair para o estrangeiro), animação cultural, divulgação de autores "outsider" não doentes e de colecções particulares.
Vimos, portanto, congratular-nos pela publicação em DR (http://dre.pt/pdf1sdip/2011/05/08400/0248702487.pdf) da referida Recomendação.

Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Carlos Moura, Bernardo Ferreira de Carvalho, Júlio Amorim, Virgílio Marques, Luís Marques da Silva, Fernando Jorge e Luís Carvalho Rêgo

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