terça-feira, 17 de agosto de 2010

PORTUGAL A ARDER


Image courtesy of MODIS Rapid Response Project at NASA/GSFC
(fogos ocorridos nos ultimos 10 dias na Peninsula Ibérica)
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Estamos a chegar ao fim deste inferno que, diáriamente vai destruindo a paisagem natural de Portugal, mesmo aquela que, a custo e ao longo de poucos anos, se regenerou de outros fogos que eclodiram á pouco tempo.
Começa agora o pranto das carpideiras que, tudo farão, umas para se desresponsabilizarem das culpas; outras para culparem alguém pelo sucedido.
Enquanto isso, Portugal ardeu.
E ardeu sem que, chegados ao fim, possamos mais uma vez, atribuir culpas a alguém; só á meia dúzia de loucos, pirómanos e deficientes que, sem se lembrarem de nada, atearam a tal meia dúzia de incêndios que lhes cabe na culpa.
Tudo o resto vai ficar pelas suspeitas e suspeições; enquanto isso, Portugal ardeu.
Vamos continuar a assistir á celebração de contratos milionários, entre o estado e empresas de meios aéreos, onde se paga por hora de tarbalho e não á jorna ou ao mês, pelo que, quanto mais se trabalha, mais se factura.
Vamos continuar a assistir á total descoordenação dos meios no terreno, sem que hajam responsáveis pela protecção civil nomeados pelas câmaras municipais, com capacidade e com qualificações para serem, de facto, agentes imprescindíveis no combate aos incêndios .
Vamos continuar a assistir ao entrave á atribuição, por via da burocracia, de meios fisícos ás corporações de bombeiros, apesar de existirem fundos comunitários para tal.
Vamos continuar a assistir á falta de uma eficaz política de ordenamento do território, com zoneamentos específicos de florestação, traduzido em Planos, implementando espécies autoctenes e banindo espécies infestantes e nocivas para o solo, como forma dissuasora de tentar pelo fogo, aquilo que de outra forma não seria possível.
Vamos continuar a ver populações em sufoco e aflição enquanto que os senhores decisores politicos vão a banhos, nos ALL Garves da vida.
Vamos continuar pois a assistir, impávidos, a ver este nosso Portugal a arder e, quando Alguém nos disser novamente "Olhai os lírios do campo" nós, só poderemos responder, "quais lírios, Senhor"?

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