terça-feira, 22 de junho de 2010

NOVO PDM APOSTA NA FIXAÇÃO DE JOVENS

Novo Plano Director Municipal aposta na fixação de jovens
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2010-06-17
Luís Garcia
in "JN"
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A fixação e o rejuvenescimento da população de Lisboa são as palavras de ordem da nova proposta do Plano Director Municipal (PDM) de Lisboa. A concretizar-se o objectivo da autarquia, uma casa de tipologia T2 na capital poderá ser arrendada por 500 euros.
Vânia Araújo conhece a Baixa Pombalina como a palma da mão. Durante os seus primeiros 25 anos de vida, a gestora de projectos viveu, com os pais e a avó, numa casa antiga da Rua dos Correeiros. Já este ano, quando Vânia e o namorado, que residia em Loures, resolveram procurar uma casa para morarem juntos, esbarraram nos preços proibitivos das habitações na capital.
?Queríamos um T3 com garagem e bons acessos. Andámos à procura em Lisboa mas os preços eram muito elevados, até para arrendar?, explica. ?Acabámos por comprar uma casa na Amadora, com boas áreas e infra-estruturas?, remata. Uma habitação semelhante àquela que o casal comprou por 125 mil euros nunca custaria, segundo a sua própria pesquisa, menos de 180 mil euros. E não teria, provavelmente, o sossego, o silêncio e o estacionamento com fartura que tem a nova área residencial de Vânia.
Ainda assim, não fosse a gritante diferença de preços e o casal não hesitaria em comprar casa na capital. Fosse pela qualidade dos transportes públicos, pela proximidade aos locais de trabalho ou, simplesmente, para sentir o pulsar da cidade mais cosmopolita do país.
Dar resposta a casos semelhantes ao de Vânia Araújo é a maior preocupação da Câmara Municipal de Lisboa (CML) no momento em que se prepara a revisão do Plano Director Municipal (PDM), o instrumento estratégico de ordenamento do território mais importante ao nível autárquico.
Para que morar na capital seja mais atractivo, sobretudo para os jovens e a classe média, a CML pretende criar habitação a custos acessíveis, como rendas de 500 euros por um T2.
Segundo o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, a Câmara está a estudar soluções para poder avançar com esta política de habitação, que poderão passar por atribuir maior edificabilidade ao promotor imobiliário ou reduzir as áreas de cedência que lhe são exigidas sob a condição de este reservar uma parte do empreendimento ao arrendamento a preços baixos. De acordo com o autarca, os privados consultados pela CML têm considerado a medida viável desde que o licenciamento seja feito num ano.
Manuel Salgado espera ver, num prazo de cinco anos, os primeiros ?sinais de repovoamento e rejuvenescimento? de uma cidade que perdeu cerca de 100 mil habitantes na última década.A proposta de PDM inclui também a reconversão de antigos espaços do Estado, como quartéis e hospitais, em creches, escolas ou habitação – equipamentos que poderão ser promovidos por privados.
A ser aprovado nos moldes actuais, o PDM deixa um canal para a Terceira Travessia sobre o Tejo e mantém o aeroporto “como está”, dada a imprevisibilidade da transferência para a margem sul. O plano estará em discussão pública a partir de Setembro e deverá estar pronto a entrar em vigor no primeiro semestre de 2011.

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