segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

AZULEJOS ANTIGOS CADA VEZ MAIS ALVO DE FURTO



Ontem in "JN"
CRISTIANO PEREIRA

Futura venda de hospitais públicos deixa edifícios mais vulneráveis.
O furto de painéis de azulejos em locais públicos da capital tem subido em flecha desde a década de 90, alertam os responsáveis do projecto SOS Azulejo. Ontem, especialistas e interessados debateram o tema no Hospital de Santa Marta, em Lisboa.
"O cidadão não liga muito aos azulejos porque vive rodeado deles mas no mercado de arte os painéis de azulejos são muitíssimos valorizados, sobretudo quando passam para o estrangeiro", apontou, ao JN, Leonor Sá, do Museu da Polícia Judiciária, e coordenadora do SOS Azulejo. O projecto nasceu da "necessidade imperiosa de combater a grave delapidação do património azulejar português que se verifica actualmente, de modo crescente e alarmante, sobretudo por furto, mas também por vandalismo e incúria", explica a responsável.
Nas últimas semanas, especialistas portugueses têm organizado passeios guiados em vários locais de Lisboa com património assinalável. Ontem, reuniram-se no Hospital de Santa Marta juntamente com várias dezenas de interessados no assunto.
Segundo Leonor Sá, o edifício, do antigo Convento de Santa Marta, fundado no século XVII, corre o risco de ser vendido. "A experiência diz-nos que estes edifícios passam por um período de extrema vulnerabilidade quando ficam vazios, sem vigilância, tornando-se alvos fáceis de pilhagem e furto". "Estas visitas têm uma perspectiva de prevenção para que tal não venha a acontecer", prosseguiu.
O historiador de arte e especialista em azulejaria, José Meco, apontou, por seu turno, que "quem vem a estes locais é por motivos de saúde e tem dificuldade em olhar à volta porque a situação é aflitiva" mas ali reside "um património muito rico".
"A sala do capítulo está revestida de azulejos da época de D. João V que é um conjunto notável de azulejaria barroca e de leitura difícil porque tem temas e iconografia que não são comuns", explicou. Todavia, o especialista sublinhou ter detectado "espaços mal aproveitados como um canto dos claustros que tem uma mesa a tapar um recanto de azulejos do século XVII ".
José Meco partilha as preocupações de Leonor Sá: "Os hospitais civis vão em breve mudar-se para edifícios novos e temos que pensar o que devemos fazer a este património", alertou. Na sua óptica, "é nos períodos de transição e indefinição em que os edifícios estão fechados que há roubos, destruições e delapidações". .

Sem comentários: