O vereador da Mobilidade reconhece que o modelo actual entupiu a Rua do Arsenal com autocarros e avança com medidas
Número dois dos CPL foi o rosto da oposição
Inês Boaventura, Público, 24-11-2009
A Câmara de Lisboa vai introduzir novas alterações no modelo de circulação rodoviária da Baixa-Chiado, para melhorar a ligação entre as colinas da cidade e reduzir os impactes negativos da passagem de centenas de autocarros por hora nas ruas do Arsenal e da Alfândega.
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Segundo o vereador da Mobilidade, Obras e Tráfego da autarquia, que tomou posse há menos de um mês, não é ainda possível apontar uma data para a concretização dessas modificações. Isto porque, explica Fernando Nunes da Silva, as obras necessárias serão pagas e executadas pela sociedade Frente Tejo, pelo que "o ritmo" a que vão ser feitas está dependente do andamento dos trabalhos em curso no Terreiro do Paço.
Segundo o vereador da Mobilidade, Obras e Tráfego da autarquia, que tomou posse há menos de um mês, não é ainda possível apontar uma data para a concretização dessas modificações. Isto porque, explica Fernando Nunes da Silva, as obras necessárias serão pagas e executadas pela sociedade Frente Tejo, pelo que "o ritmo" a que vão ser feitas está dependente do andamento dos trabalhos em curso no Terreiro do Paço.
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No início do ano, o vereador desenvolveu um estudo para o Automóvel Clube de Portugal no qual concluiu que o modelo de circulação automóvel da Baixa-Chiado que a Câmara de Lisboa se preparava para introduzir teria consequências "muito gravosas" (ver caixa). Hoje, Nunes da silva, do movimento Cidadãos por Lisboa e eleito como independente na lista PS, sublinha que "houve alterações muito significativas" entre o projecto inicial e aquele que foi avante, "que não é sequer o que vai ficar a funcionar".
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Em declarações ao PÚBLICO, o especialista em transportes admitiu que, com o esquema de circulação actual, "houve aumentos de tráfego na Rua do Alecrim, na Rua de São Bento, nas transversais da cidade de Lisboa", acrescentando que a situação só não foi pior porque quando ele entrou em vigor "não era o período escolar e, devido à crise económica, as pessoas tinham menos dinheiro para andar de automóvel". Por isso e por se ter criado, diz, a ideia de que circular na zona da Baixa-Chiado ia ser "um pandemónio", alguns automobilistas optaram por caminhos alternativos.
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Nunes da Silva reconhece que "há problemas que continuam em cima da mesa", nomeadamente dificuldades na ligação entre as colinas e uma concentração excessiva de autocarros nas ruas do Arsenal e da Alfândega, de que muito se têm queixado comerciantes e moradores dessas artérias. O vereador adianta que a solução para o primeiro problema passa por reservar a Rua da Conceição "apenas para o transporte colectivo ou para o serviço local".
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Quanto à Rua do Arsenal, Nunes da Silva explica que estão em curso obras na estação fluvial Sul e Sueste que incluem a instalação no local de um terminal de autocarros, "o que faz com que uma série de autocarros que hoje têm que ir pelo Campo das Cebolas e depois ir dar a volta ao Cais do Sodré deixem de o fazer". Além disso, no Cais do Sodré "vai ser melhorado o terminal e vai ser separado aquilo que é o acesso ao terminal daquilo que é a circulação automóvel particular", acabando com "o grande estrangulamento que neste momento faz com que a Rua do Arsenal fique pejada de autocarros".
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O vereador acrescenta que alguns autocarros vão ser desviados para a Avenida da Ribeira das Naus e a Rua de Bernardino Costa (no fim da Rua do Arsenal) "vai ficar com um único sentido". Isso, diz, "vai permitir que o tempo que hoje o Cais do Sodré está cortado para os transportes públicos passarem do corredor da Avenida de 24 de Julho para a Rua do Arsenal desapareça". "Se mesmo isto não for suficiente, há outras alternativas que estão a ser estudadas e que a seu tempo serão colocadas em cima da mesa", conclui Nunes da Silva.
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Actual vereador foi o rosto da oposição
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O actual vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa foi até há pouco tempo o principal rosto da contestação ao modelo de circulação automóvel instaurado pelo anterior executivo na Baixa-Chiado. Desde logo porque, alegou em Janeiro, o projecto camarário resultava de "uma posição ideológica não baseada em qualquer estudo de avaliação", que o presidente António Costa teria imposto à sociedade Frente Tejo "contra todas as conclusões" dos técnicos que se debruçaram sobre a matéria.
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Num estudo realizado para o Automóvel Clube de Portugal (ACP), que em Junho interpôs uma providência cautelar para travar as alterações da circulação entretanto concretizadas, Nunes da Silva concluía que estas teriam consequências "muito gravosas", tornando "uma constante" os engarrafamentos nas avenidas do Infante D. Henrique e da Ribeira das Naus e aumentando significativamente o número de veículos na zona do Chiado.
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O técnico acrescentava que o projecto camarário estava "fundamentado em pressupostos errados quanto às características do tráfego e às funções que a rede viária da Baixa desempenha actualmente no sistema de acessibilidades de Lisboa".
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"Face ao total desrespeito pelos mais elementares princípios de uma boa governação - estudar, analisar e discutir primeiro, decidir depois -, o ACP tomou para ele o trabalho que competia à câmara e procedeu à avaliação dos impactes", defendeu Nunes da Silva num artigo de opinião, no qual acusou António Costa de promover "medidas "embrulhadas" em marketing politiqueiro".
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