quinta-feira, 13 de agosto de 2009

PATRIMÓNIO DA GULBENKIAN ENCOLHEU 380 MILHÕES EM 2008

por Ana Suspiro , Publicado em 13 de Agosto de 2009
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As perdas em bolsa não afectam a programação prevista para este ano, mas a Fundação Gulbenkian cortou 5% os custos de funcionamento. Viagens, só em económica
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A Fundação Gulbenkian, a maior do país, viu o seu património líquido cair cerca de 378,8 milhões de euros em 2008, o que representa uma descida de 13,6% em relação ao valor de 2007. Este valor, que daria por exemplo para comprar a Colecção Berardo, representa a maior perda registada esta década pela instituição em termos absolutos, embora em percentagem tenha sido ultrapassada em 2002 quanto o património caiu 15%, também castigado pela derrapagem nas bolsas após a bolha das telecom (telecomunicações, media e tecnologia) ter rebentado. No final de 2008, o património líquido da fundação liderada por Rui Vilar ascendia a 2,4 mil milhões de euros (um pouco mais que o custo do pacote anticrise de José Sócrates). O activo baixou 381 milhões, para 2,7 mil milhões de euros.
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Corte de 5% não afecta actividades Apesar da evolução negativa, este ano não houve corte nas actividades da Gulbenkian, da atribuição de bolsas e subsídios à programação cultural. O que houve foi uma diminuição de 5% nas despesas de funcionamento, disse ao i fonte oficial da fundação. O alargamento dos períodos de leasing de automóveis - de quatro para cinco anos - e a realização de todas viagens de trabalho em classe económica (restrição que inclui a administração) são os exemplos dados.
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O orçamento da instituição para este ano foi fixado em 98,5 milhões de euros. Os custos com pessoal e de estrutura representaram, no ano passado, cerca de 39% das despesas. Os subsídios, bolsas e prémios pesaram 20,9%, e cerca de 21% corresponderam às iniciativas próprias.
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As contas da Fundação Gulbenkian explicam a queda do património com o decréscimo de 21% na carteira de investimentos financeiros. Este é o "resultado da crise financeira mundial e da consequente queda acentuada das bolsas internacionais". Embora a instituição sublinhe que "esta rentabilidade tenha sido substancialmente melhor do que se podia esperar, tendo em conta os índices, afectou gravemente o retorno de longo prazo da carteira". Ainda assim, foi melhor que o comportamento das fundações americanas, que, segundo uma avaliação do conselho internacional de fundações, sofreram uma queda média de activos superior a 25%.
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O documento, que traça o retrato dos efeitos do colapso bolsista no património do sector, mostra que quase 50% das fundações americanas tencionam cortar cerca de 10% a atribuição de subsídios e bolsas, embora um terço tencione manter ou aumentar. Cerca de 60% das instituições reduziram o orçamento, privilegiando o corte das despesas com viagens e participação em conferências. Quase metade das fundações congelaram salários e 27% travaram contratações, medidas não adoptadas na Gulbenkian.
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Petróleo compensa bolsas O impacto da perda de 471 milhões de euros na carteira de títulos foi atenuado pela valorização de 82 milhões de euros, mais 13,5% dos investimento no sector da energia. Este activos valiam, no final do ano passado, 690 milhões de euros e geraram um retorno de 96 milhões de euros.
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O braço da Gulbenkian na área da energia é a Partex Oil and Gas. A empresa detém participações na exploração de petróleo e gás natural, sobretudo no Médio Oriente e Cazaquistão, e foi beneficiada pela valorização do preço do petróleo, que permitiu um aumento das vendas de 41%, para mil milhões de euros. A Partex reforçou os dividendos pagos à fundação, este ano de 42,5 milhões de dólares (30 milhões de euros). A empresa tem concessões no Brasil, em Angola e Portugal, em fase de pesquisa. Em desen-volvimento está o campo Dunga, no Cazaquistão. A actividade nesta área foi ainda marcada pela renovação por 20 anos do contrato de concessão do Abu Dhabi, embora em condições menos atractivas para a Partex.
Tags: gulbenkian, crise, petróleo, património, perdas

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