quarta-feira, 20 de maio de 2009

PALÁCIO BRAAMCAMP RENDE 2.4 MILHÕES DE EUROS AO MUNICÍPIO (I)

In Público (20/5/2009)Luís Filipe Sebastião
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«O primeiro imóvel camarário da operação destinada a transformar Lisboa na "capital do charme" já tem dono, que investirá mais do dobro na recuperação
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Se tudo correr sem percalços de maior, Lisboa terá dentro de dois anos mais um hotel de charme. Essa é, pelo menos, a previsão da empresa que ontem garantiu a compra do Palácio Braamcamp ao município por 2,413 milhões de euros.
A concurso, segundo o vereador do Património, José Cardoso da Silva, foram admitidas três propostas. O palacete do século XIX, localizado entre o Bairro Alto e o Príncipe Real, foi "adjudicado" à Alutel, que pagou de imediato os dez por cento do valor estipulado nas condições da hasta pública. O vereador congratulou-se por o valor ter sido muito acima dos 1,884 milhões da base de licitação.O imóvel possui uma área total de 1498 m2, distribuídos por três pisos acima do solo e uma cave, com um acesso por um pátio ajardinado com vistas para a zona ribeirinha. Adquirido pela autarquia em 1945, o edifício da família Braamcamp acolheu serviços municipais até 2008.
"A câmara acabou de vender o palácio e já o pediu emprestado para lá fazer uma exposição em Agosto", ironizou José Teixeira, sócio-gerente da Alutel, satisfeito por assegurar a abertura de mais um hotel do grupo 3K. A empresa está a reformular o projecto de uma unidade de 133 quartos, na Avenida da República, depois de o executivo ter chumbado a fachada proposta.
Proprietário dos hotéis Barcelona, Madrid e Veneza, o grupo espera concluir a transformação do Palácio Braamcamp "no prazo de 24 meses". Tudo dependerá da aprovação dos projectos pelos serviços municipais. Segundo o responsável da empresa, um estudo para aferir da viabilidade do investimento admitia a criação "de entre 20 a 24 quartos", ocupando o primeiro andar com suites, através do aproveitamento dos quartos existentes, e o segundo andar com quartos individuais e duplos. O projecto aposta ainda na dinamização do piso térreo para banquetes e exposições, tirando partido do pátio e do jardim. Uma recuperação que, como frisou José Teixeira, irá beneficiar da experiência do grupo 3K na transformação de uma pensão na Avenida da Liberdade, em 1989, na sua primeira unidade de charme (Hotel Veneza).
O edifício oitocentista da freguesia de Santa Catarina faz parte de um lote de seis imóveis que a câmara pretendia alienar para reconverter em unidades hoteleiras. A operação Lisboa, capital do charme, anunciada com pompa, acabou travada na assembleia municipal, que só aceitou a venda dos palácios um a um: Pancas Palha (Santa Engrácia), Machadinho (Santos-o-Velho), Visconde do Rio Seco (Encarnação) e Benagazil (Olivais/Charneca). A autarquia desistiu, entretanto, de vender o Paço da Procissão do Senhor dos Passos da Graça (Socorro).»
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Opinião de Paulo Ferrero:
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Por princípio, acho que vender-se património como forma de encaixar receitas extraordinárias é um mau princípio, até porque os "anéis" rapidamente se vão e depois nada mais resta que os "dedos".
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Mas este é um edifício que dá uma bela unidade de charme, e que pode ajudar a reabilitar aquela zona. Simplesmente, prevejo problemas com os edifícios do lado, que estão envolvidos num projecto ainda não divulgado. Falo do quase quarteirão da antiga Lithografia Portugal, e toda aquela traseira até à Rua da Rosa.
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Se for para fazer um hotel como o Veneza, tudo OK. Mas se por detrás estiver um mega-hotel, com alterações de fachadas e materiais, etc., quebrando a morfologia daquela zona consolidada, qualquer coisa "à la" Inglesinhos, vamos ter problema.
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Porque, sejamos claros:
133 quartos não correspondem à definição de hotel de charme e, mais grave, 133 quartos NÃO cabem no Palacete Braamcamp, nem pensar. Portanto, só pode ser através de engorda pelos lados.
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Vamos estar atentos.
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"roubado" no "forum cidadania lx"

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