quinta-feira, 7 de maio de 2009

ACABOU A GUERRA DOS CONTENTORES. LISBOA VAI TER UM JARDIM

por Ana Sá Lopes, Publicado em 07 de Maio de 2009

"A carga toda metida nos contentores é afastada das vias terrestres. No espaço da polémica vai ser plantado um jardim. A Câmara e o Porto de Lisboa estão em negociações.

A guerra dos contentores pode acabar antes da campanha eleitoral para as autárquicas de Lisboa: onde se esperava mais carga vai haver um jardim resgatado ? por 20 anos, pretende a Câmara de Lisboa ? ao Porto de Lisboa. A câmara está a negociar um protocolo com a Administração do Porto de Lisboa (APL) e a Liscont (a empresa que gere os contentores portuários, do grupo Mota-Engil, liderado por Jorge Coelho), com a bênção do movimento de cidadãos anticontentores, que deverá ser assinado durante o mês de Maio.
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A câmara quer pedir emprestada ao Porto de Lisboa, durante 20 anos, toda a zona que vai de Alcântara-Terra ao rio Tejo, para ser utilizada como espaço público. No entanto, o protocolo contempla uma cláusula que permite Ó APL reivindicar Ó câmara municipal "uma solução alternativa" para os contentores, caso o movimento do porto venha a registar um "crescimento exponencial" durante os próximos 20 anos. Mas a moratória dos contentores pode durar menos do que a câmara deseja: o i sabe que o prazo de 20 anos é considerado "inaceitável" pela Administração do Porto de Lisboa.
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O novo projecto da câmara é do conhecimento dos cidadãos que se constituíram em plataforma de protesto e enviaram uma petição Ó Assembleia da República para travar o projecto de ampliação da plataforma de contentores em Alcântara. António Costa, Manuel Salgado e representantes do grupo de cidadãos têm mantido contactos nos últimos tempos.

"Chegámos a um consenso. A plataforma portuária não irá abafar a cidade", disse ao i o vereador responsável pelo urbanismo, Manuel Salgado. Miguel Sousa Tavares, da plataforma de cidadãos, confirma ao i que tem participado em reuniões com vista a um consenso: "A posição da câmara municipal tem evoluído no sentido das nossas condições.
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"Afinal o que muda agora? O plano Alcântara XXI é "totalmente reformulado" ? palavras de Manuel Salgado. A fazer a ligação entre Alcântara-Terra e o rio Tejo, uma grande praça pública ajardinada. Com o terminal de cruzeiros a ser mudado para Santa Apolónia, o novo projecto vai transformar a Gare Marítima de Alcântara "num pólo cultural importante". E todo o espaço fronteiro Ó gare "será uma continuação do espaço público para área de recreio e lazer".
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A plataforma de cidadãos tinha posto como condições irrenunciáveis a limitação da área disponível para contentores ("nem mais um metro de área de contentores em Alcântara", diz Miguel Sousa Tavares), o eventual aumento do transporte de carga dos contentores não ser feito por via terrestre ("nem mais um contentor TIR") e, enquanto durassem as obras, que as docas continuassem a funcionar. "A câmara deu-nos um documento para estudar que passa por incluir essas garantias", diz Sousa Tavares. Para já, os cidadãos estão satisfeitos. "O que queremos é que não sejam promessas vagas, mas garantias firmes do Porto de Lisboa", exige Miguel Sousa Tavares.
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Na opinião de Manuel Salgado, o novo projecto "defende a sustentabilidade económica do porto", "assegura a fácil ligação da cidade ao rio" e "resolve o problema do equilíbrio ecológico do vale de Alcântara. A câmara vai recuperar um projecto antigo do arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, que passa pela construção de um conjunto de bacias de retenção no vale de Alcântara para acabar com as cheias crónicas que afectam todos os anos aquela zona de Lisboa.
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Segundo Manuel Salgado, ao prever o enterro da linha férrea, permite afastar a carga toda metida nos contentores a partir da utilização de barcaças que façam sair as mercadorias através do rio. Por outro lado, está em vias de ser "estabilizada uma solução que contempla a construção em túnel da infra-estrutura ferroviária". A câmara propôs ao governo a ligação da linha de Cascais Ó linha de cintura ? o que permite que quem vem trabalhar para Lisboa possa vir de comboio ?, que também será aproveitada para o escoamento do material dos contentores.
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Ao contrário do que pretendia o grupo de cidadãos, Alcântara ficará sem o terminal de cruzeiros, que será construído em Santa Apolónia, junto ao Jardim do Tabaco. A ideia da câmara é transformar a Gare Marítima de Alcântara, que é monumento nacional, "num pólo cultural". Quanto aos contentores, Manuel Salgado afirma que serão edificados de maneira a manter as vistas para o rio. "
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in "i informação"
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Parece-me excessiva, a euforia em torno desta notícia; não quero parecer permanentemente do contra, mas aguardo para ver o projecto final (sem concursos, nem debates, como aliás é hábito), para emitir um juízo final, mais sustentado.
Relativamente á massificação da construção em Santa Apolónia, é necessário ter o devido cuidado com o que se constrói por lá, não destruindo irremediávelmente, a ligação de Alfama com o rio.
Por outro lado, o que está lá também não é nada: Cuidado, portanto!
A ver vamos, se tudo não passa de mais um acto eleitoralista...
Luis Marques da Silva

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