por PAULA SÁ com TIAGO GUILHERME E JOÃO PEDRO HENRIQUES
Hoje
Na SIC, a líder do PSD não rejeitou liminarmente a possibilidade de o PSD se aliar ao PS, num bloco central, para governar o País. Mas acabou por o fazer à agência Lusa. Foi claríssima quando criticou o rumo da economia. Vários notáveis do seu partido, entre eles Marcelo, não viram a sua entrevista.
A entrevista a Mário Crespo, na SIC, ainda não tinha ido para o ar e já a líder do PSD rectificava a leitura que tinha sido feita sobre a sua abertura à hipótese de um governo de bloco central. "Como é sabido sempre recusei essa hipótese. É uma leitura abusiva das minhas palavras", disse à Lusa Manuela Ferreira Leite. Mário Crespo aceitou a rectificação, mas insistiu ao DN: "Pareceu-me que ela não excluía nenhuma das hipóteses. A ideia com que fiquei foi essa!"
Na entrevista, o jornalista relembrou à líder laranja as palavras do Presidente da República no 25 de Abril sobre a necessidade das forças políticas encontrarem soluções de governo perante o momento difícil do País. Crespo disparou a pergunta se se sentia mais confortável, numa aliança do PSD com o CDS/PP (AD) ou se num novo bloco central (com o PS). E a resposta foi: "Eu sentir-me-ia confortável com qualquer solução em que eu acredite. Em que eu acredite que a conjugação de esforços e, especialmente, a conjugação de interesses - interesses no sentido do País - são coincidentes. Se perceber que o objectivo país não é propriamente aquele que está no centro das atenções, então com dificuldade haverá um Governo que possa contribuir para a melhoria do País."
Nenhum dos notáveis do PSD, entre os quais Marcelo Rebelo de Sousa, Pedro Passos Coelho, Pedro Santana Lopes e Nuno Morais Sarmento, quiseram comentar as palavras da líder social-democrata. Todos eles confessaram ao DN não ter visto a entrevista.
E por esse motivo também não a escutaram a dizer que, caso perca as eleições europeias, não tem que consultar o partido. Neste ponto mostrou mesmo alguma irritação pela pergunta do jornalista. "Se perder, perdi-as. Não vejo outro líder consultar o partido se perder as eleições!"
Quanto ao resultado das legislativas, nas quais disse esperar uma vitória, Ferreira Leite sublinhou que "o País está a evoluir para pior", em especial o desemprego. A lógica, disse, é que as pessoas pensem que é preciso mudar. "Não viveria num País real senão houvesse uma revogação absoluta da maioria deste governo".
Sem querer falar sobre o caso Freeport - do qual reiterou a ideia de "tem que ser investigado" até ao fim -, serviu-se dele para dizer que José Sócrates não tirou a devida lição da polémica. "O caso decorre de se ter percebido que havia uma aprovação em véspera de eleições [as legislativas de 2002] de um projecto, sem grandes estudos e fundamentos e daí saem as suspeitas", explicou a líder do PSD. "Cai agora no mesmo erro, a meia dúzia de meses das eleições, de querer tomar decisões poderosíssimas". Referia-se às grandes obras públicas como o TGV e o novo aeroporto de Alcochete. "Estou absolutamente contra o TGV", afirmou Ferreira Leite, ao defender o seu líder parlamentar e cabeça de lista às europeias, Paulo Rangel, que se envolveu numa polémica com o ministro Mário Lino, ao dizer que o plano de investimentos públicos do Governo representa "o sequestro do futuro" das novas gerações. Na sua opinião, não existem condições financeiras para levar por diante qualquer dos grandes projectos de obras públicas. Podemos, frisou, "comprometer o futuro definitivamente. Senão entrarmos num crescimento dentro dos próximos 5/6 anos Portugal pode ficar irremediavelmente pobre". Ferreira Leite voltou a defender a aposta no apoio às pequenas e médias empresas, ao invés dos "interesses dos grandes grupos económicos". Crespo quis ainda levá-la a pronunciar-se sobre a permanência de Dias Loureiro no Conselho de Estado. Mas sobre o "camarada de partido" não quis falar.
Vitalino Canas, porta-voz do PS, disse as palavras da líder do PSD sobre soluções de Governo "só visam obscurecer uma escolha clara: só haverá estabilidade com uma maioria absoluta" dos socialistas. Acrescentou, uma solução do tipo "bloco central" seria "contranatura" e "indesejável do ponto de vista democrático" visto que o PS e o PSD são partidos que alternam no poder e não que se aliam.
Na SIC, a líder do PSD não rejeitou liminarmente a possibilidade de o PSD se aliar ao PS, num bloco central, para governar o País. Mas acabou por o fazer à agência Lusa. Foi claríssima quando criticou o rumo da economia. Vários notáveis do seu partido, entre eles Marcelo, não viram a sua entrevista.
A entrevista a Mário Crespo, na SIC, ainda não tinha ido para o ar e já a líder do PSD rectificava a leitura que tinha sido feita sobre a sua abertura à hipótese de um governo de bloco central. "Como é sabido sempre recusei essa hipótese. É uma leitura abusiva das minhas palavras", disse à Lusa Manuela Ferreira Leite. Mário Crespo aceitou a rectificação, mas insistiu ao DN: "Pareceu-me que ela não excluía nenhuma das hipóteses. A ideia com que fiquei foi essa!"
Na entrevista, o jornalista relembrou à líder laranja as palavras do Presidente da República no 25 de Abril sobre a necessidade das forças políticas encontrarem soluções de governo perante o momento difícil do País. Crespo disparou a pergunta se se sentia mais confortável, numa aliança do PSD com o CDS/PP (AD) ou se num novo bloco central (com o PS). E a resposta foi: "Eu sentir-me-ia confortável com qualquer solução em que eu acredite. Em que eu acredite que a conjugação de esforços e, especialmente, a conjugação de interesses - interesses no sentido do País - são coincidentes. Se perceber que o objectivo país não é propriamente aquele que está no centro das atenções, então com dificuldade haverá um Governo que possa contribuir para a melhoria do País."
Nenhum dos notáveis do PSD, entre os quais Marcelo Rebelo de Sousa, Pedro Passos Coelho, Pedro Santana Lopes e Nuno Morais Sarmento, quiseram comentar as palavras da líder social-democrata. Todos eles confessaram ao DN não ter visto a entrevista.
E por esse motivo também não a escutaram a dizer que, caso perca as eleições europeias, não tem que consultar o partido. Neste ponto mostrou mesmo alguma irritação pela pergunta do jornalista. "Se perder, perdi-as. Não vejo outro líder consultar o partido se perder as eleições!"
Quanto ao resultado das legislativas, nas quais disse esperar uma vitória, Ferreira Leite sublinhou que "o País está a evoluir para pior", em especial o desemprego. A lógica, disse, é que as pessoas pensem que é preciso mudar. "Não viveria num País real senão houvesse uma revogação absoluta da maioria deste governo".
Sem querer falar sobre o caso Freeport - do qual reiterou a ideia de "tem que ser investigado" até ao fim -, serviu-se dele para dizer que José Sócrates não tirou a devida lição da polémica. "O caso decorre de se ter percebido que havia uma aprovação em véspera de eleições [as legislativas de 2002] de um projecto, sem grandes estudos e fundamentos e daí saem as suspeitas", explicou a líder do PSD. "Cai agora no mesmo erro, a meia dúzia de meses das eleições, de querer tomar decisões poderosíssimas". Referia-se às grandes obras públicas como o TGV e o novo aeroporto de Alcochete. "Estou absolutamente contra o TGV", afirmou Ferreira Leite, ao defender o seu líder parlamentar e cabeça de lista às europeias, Paulo Rangel, que se envolveu numa polémica com o ministro Mário Lino, ao dizer que o plano de investimentos públicos do Governo representa "o sequestro do futuro" das novas gerações. Na sua opinião, não existem condições financeiras para levar por diante qualquer dos grandes projectos de obras públicas. Podemos, frisou, "comprometer o futuro definitivamente. Senão entrarmos num crescimento dentro dos próximos 5/6 anos Portugal pode ficar irremediavelmente pobre". Ferreira Leite voltou a defender a aposta no apoio às pequenas e médias empresas, ao invés dos "interesses dos grandes grupos económicos". Crespo quis ainda levá-la a pronunciar-se sobre a permanência de Dias Loureiro no Conselho de Estado. Mas sobre o "camarada de partido" não quis falar.
Vitalino Canas, porta-voz do PS, disse as palavras da líder do PSD sobre soluções de Governo "só visam obscurecer uma escolha clara: só haverá estabilidade com uma maioria absoluta" dos socialistas. Acrescentou, uma solução do tipo "bloco central" seria "contranatura" e "indesejável do ponto de vista democrático" visto que o PS e o PSD são partidos que alternam no poder e não que se aliam.
in "DN Portugal"
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