terça-feira, 31 de março de 2009

PORTUGAL: JUSTIÇA CÉLERE, MAS SÓ PARA ALGUNS


O CASO DO CAIXOTE DO LIXO


Maria Paula T Q Barros Pinto
A polícia portuguesa anda desvairada na caça à multa. É uma verdadeira histeria, escondem-se e “saltam” de repente com o ar todo poderoso que lhes confere uma pretensa autoridade que são os primeiros a violar enquanto civis e mesmo em trabalho, como é do conhecimento público.
Imagine-se o leitor a sair de casa, ainda não são oito da manhã, para apanhar os transportes públicos, ainda cansado do dia anterior, leva três sacos na mão, com o lixo cuidadosamente separado para reciclar e é abordado por três indivíduos que saem do nada, a indagar o que estou a fazer. Estupefacta, respondo que estou a pôr o saco do lixo comum no caixote do lixo e depois irei colocar o reciclável nos respectivos contentores.
O fiscal faz o ar importante de Fiscal e doutoralmente diz-me que posso ser autuada pois não é permitido pôr o lixo de manhã. Entre a surpresa e má disposição a disparar respondo-lhe que não sabia, qual é o mal de pôr o lixo às oito da manhã? Ainda por cima, numa cidade suja como Lisboa, onde ninguém respeita nada, desde a arquitectura, ao trânsito caótico até aos passeios pejados de cocó de cão.
A farsa continua e como não aceito humildemente o “raspanete”, aparece o polícia ainda do mais alto da autoridade da sua baixa estatura, que me pede a identificação. Ser identificada como uma criminosa à porta da minha casa, às oito da manhã quando saía para o emprego só porque deponho um pequeno saco de lixo, devidamente fechado, no caixote errado, num dos caixotes verdes que estão espalhados pela rua – fiquei a saber que são privados e têm de ser lavados e recolhidos à noite – em vez de ser informada, ou antes, em vez de sermos todos informados através duma carta, comunicado, televisão, ou outro qualquer meio de comunicação, seria muito mais razoável do que “apanhar” cidadãos cumpridores e ecologistas como eu, sempre preocupada na preservação do meio ambiente, em falta. A ideia é essa, apanhar em falso, não é a de prevenir e informar.
Pois claro, para os grandes ladrões se andarem a passear no estrangeiro, com o dinheiro que esconderam em "off-shores", para os criminosos da Casa Pia, devidamente identificados pela Polícia Judiciária, há atenuantes, há leis que prescrevem muito convenientemente, mas para autuar e pedir a identificação a alguém que coloca um pequeno saco de lixo num contentor é uma pena agravada com direito a auto no tribunal como ficou ameaçado. Vou a tribunal responder por não guardar o lixo em casa, não fazer mil sorrisos a dois fiscais da CML e a um polícia – como eles ainda sugeriram, “se a senhora não respondesse assim…” – e não ser humilde perante uma autoridade que a usa com os mais vulneráveis: uma senhora sozinha na rua às oito da manhã quando saía apressada para o emprego.
E nem de propósito, enquanto escrevo esta crónica recebo o seguinte email que passo a transcrever.
“Depois de anos e anos a batalhar eis que surgem os primeiros resultados.
Desde a morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, ao desaparecimento de Madeleine McCann, ao caso Casa Pia, do caso Portucale, Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga Parques ao grande empresário Bibi, do miúdo electrocutado no semáforo, do outro afogado num parque aquático, das crianças assassinadas na Madeira, do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico, do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal, a miúda desaparecida em Figueira, todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou? As famosas fotografias de Teresa Costa Macedo, aquelas em que ela reconheceu imensa gente ‘importante’, jogadores de futebol, milionários, políticos. Os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran, os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal. O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha. E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter assassinado doentes por negligência.
Depois de anos e anos a batalhar eis que surgem os primeiros resultados:
Prenderam um jovem que fez um download de música... Ele poderá passar entre 60 a 90 dias atrás das grades por ter feito o download e partilhado música ilegalmente com outros utilizadores...”
E eu, eu que ofendi um agente que me identificou por depositar um saco de plástico com meia dúzia de restos do jantar do dia anterior. Será que julgou eu ser uma agente da Alqaeda pronta a fazer explodir o pacato bairro da Lapa?
Há lá casos mais graves do que estes?!
Pois é... a polícia e a justiça portuguesas estão de parabéns!
mpqueirozp@gmail.com
Por: Maria Paula T. Q. Barros Pinto

1 comentário:

J A disse...

....de parabéns mesmo!