13 de Fevereiro de 2009, 11:46
Angra do Heroísmo, 13 Fev (Lusa) -- O Arquivo Histórico Diocesano dos Açores (AHDA) está em perigo de perder a maioria dos seus documentos se não for inventariado e recuperado disse hoje o Bispo de Angra, António Sousa Braga.
"Estamos a perder documentos e outros não chegarão longe devido à humidade e até pelo empréstimo de alguns deles que as paróquias fazem a particulares que depois os não devolvem", sublinhou o bispo em declarações à Agência Lusa.
António Sousa Braga revelou que "não há controlo de quem utiliza documentos que as paróquias emprestam para investigação e depois muda o pároco e não se sabe a quem foi emprestado".
O bispo de Angra admitiu que "já foram encontrados documentos importantes na mão de particulares".
Preconiza "uma urgente organização e inventariação do AHDA" não centralizada mas disseminado pelas diferentes ilhas".
O prelado garante que "vai ser realizado um estudo que tenha em conta a descontinuidade geográfica das ilhas do arquipélago para que se fundem núcleos de ilha do AHDA subordinados a uma ideia unificadora".
O problema é que, acrescenta, "nem sempre as paróquias colaboram por serem ciosas da sua documentação" mas a situação tem de ser alterada porque "a história dos Açores não se faz, completamente, sem a história da igreja".
Exemplifica com o caso de "um pároco da ilha Graciosa que deixou uma série de cadernos onde relata o dia a dia de uma freguesia incluindo os movimentos de emigração da sua população".
Defende, por isso, "acções de formação para o clero no sentido de os sensibilizar para saberem o que fazer para garantir a preservação adequada de toda a documentação".
António Sousa Braga acentua que "o projecto vai começar com a nomeação de uma comissão instaladora que comece a erguer o AHDA" que terão de procurar apoios.
"A diocese, ainda que não tenha uma estimativa dos custos que o projecto possa envolver, por si só não tem verbas pelo que é necessário encontrar fundos junto do governo regional, dos programas europeus e de diversas instituições como a Gulbenkian, por exemplo", disse.
António Sousa Braga adianta que "já recebeu intenções de apoio ao projecto por parte da Direcção Regional da Cultura, com quem tem uma parceria, e do presidente do governo regional Carlos César".
O projecto terá, acrescenta, uma segunda fase que visa "a inventariação das obras de arte propriedade da diocese açoriana".
Recentemente esteve nos Açores o director do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja, João Soalheiro, que reuniu com o Bispo de Angra para analisar o início dos trabalhos de constituição do AHDA.
António Sousa Braga sublinha que a Santa Sé o Secretariado Nacional e a Comissão Episcopal "exigem e pressionam no sentido de serem preservados todos os documentos e obras de arte eclesiais".
A diocese açoriana comemora no corrente ano 475 anos da sua criação pela bula "Aequum reputamus" do Papa III de 5 de Novembro de 1534.
A data é assinalada com uma exposição de arte sacra em Ponta Delgada (S. Miguel) sobre "Paramentaria", em Angra do Heroísmo (Terceira) sobre a história dos bispos dos Açores e na Horta (Faial) sobre a ourivesaria.
JAS.
Lusa/fim
Angra do Heroísmo, 13 Fev (Lusa) -- O Arquivo Histórico Diocesano dos Açores (AHDA) está em perigo de perder a maioria dos seus documentos se não for inventariado e recuperado disse hoje o Bispo de Angra, António Sousa Braga.
"Estamos a perder documentos e outros não chegarão longe devido à humidade e até pelo empréstimo de alguns deles que as paróquias fazem a particulares que depois os não devolvem", sublinhou o bispo em declarações à Agência Lusa.
António Sousa Braga revelou que "não há controlo de quem utiliza documentos que as paróquias emprestam para investigação e depois muda o pároco e não se sabe a quem foi emprestado".
O bispo de Angra admitiu que "já foram encontrados documentos importantes na mão de particulares".
Preconiza "uma urgente organização e inventariação do AHDA" não centralizada mas disseminado pelas diferentes ilhas".
O prelado garante que "vai ser realizado um estudo que tenha em conta a descontinuidade geográfica das ilhas do arquipélago para que se fundem núcleos de ilha do AHDA subordinados a uma ideia unificadora".
O problema é que, acrescenta, "nem sempre as paróquias colaboram por serem ciosas da sua documentação" mas a situação tem de ser alterada porque "a história dos Açores não se faz, completamente, sem a história da igreja".
Exemplifica com o caso de "um pároco da ilha Graciosa que deixou uma série de cadernos onde relata o dia a dia de uma freguesia incluindo os movimentos de emigração da sua população".
Defende, por isso, "acções de formação para o clero no sentido de os sensibilizar para saberem o que fazer para garantir a preservação adequada de toda a documentação".
António Sousa Braga acentua que "o projecto vai começar com a nomeação de uma comissão instaladora que comece a erguer o AHDA" que terão de procurar apoios.
"A diocese, ainda que não tenha uma estimativa dos custos que o projecto possa envolver, por si só não tem verbas pelo que é necessário encontrar fundos junto do governo regional, dos programas europeus e de diversas instituições como a Gulbenkian, por exemplo", disse.
António Sousa Braga adianta que "já recebeu intenções de apoio ao projecto por parte da Direcção Regional da Cultura, com quem tem uma parceria, e do presidente do governo regional Carlos César".
O projecto terá, acrescenta, uma segunda fase que visa "a inventariação das obras de arte propriedade da diocese açoriana".
Recentemente esteve nos Açores o director do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja, João Soalheiro, que reuniu com o Bispo de Angra para analisar o início dos trabalhos de constituição do AHDA.
António Sousa Braga sublinha que a Santa Sé o Secretariado Nacional e a Comissão Episcopal "exigem e pressionam no sentido de serem preservados todos os documentos e obras de arte eclesiais".
A diocese açoriana comemora no corrente ano 475 anos da sua criação pela bula "Aequum reputamus" do Papa III de 5 de Novembro de 1534.
A data é assinalada com uma exposição de arte sacra em Ponta Delgada (S. Miguel) sobre "Paramentaria", em Angra do Heroísmo (Terceira) sobre a história dos bispos dos Açores e na Horta (Faial) sobre a ourivesaria.
JAS.
Lusa/fim
.
Neste país, onde a alienação do património parece ser a tónica dominante, não há dinheiro para as coisas que são de facto importantes e que fazem parte de uma boa base educativa e civilizacional.
De que serve andar a distribuir "magalhães" e falar em "cartas educativas", que servem para encher os discursos vazios e descontextualizados dos políticos, se depois aquilo que é importante e que sustenta a nossa sociedade, como a sua história e o património que lhe está associado, é vandalizado, votado ao abandono e agora mais recentemente, vendido a retalho?
Luís Marques da Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário