Quem chegar a Lisboa, vindo por mar, num belo e carissímo cruzeiro e pensar em tirar umas boas fotografias desta magnífica cidade, pode sofrer uma desilusão... É que, na zona do porto de Lisboa, muitas das vezes acontece, estarem centenas de contentores empilhados uns em cima dos outros, tapando por completo as vistas da sua margem, guardados por três gigantescos monstros metálicos.
Também para a própria cidade, conotada como sendo uma cidade ribeirinha, esta situação é redutora das suas potencialidades ao ver assim acrescida em mais uma barreira visual e fisíca, a sua já depauperada interligação com o rio, causada pela quantidade de construção existente e que impede o usufruto da frente ribeirinha, por parte dos lisboetas.
Nesta nossa cidade passa-se o contrário daquilo que acontece na maioria das cidades europeias e mesmo já em algumas cidades portuguesas; o contacto visual e efectivo com o rio, faz-se muito pontualmente, em duas ou três zonas que, por estarem em obras á anos, não estão acessíveis, ou então é feito, espreitando por entre intervalos de edifícios, construções, linhas de caminho de ferro, avenidas quase auto-estradas e... dos contentores.
Espero sinceramente que o projecto de requalificação da frente ribeirinha, apesar dos contratempos politícos que tem sofrido, requalifique com qualidade esse espaço fabuloso de aproximadamente 19km. Não quero acreditar que a requalificação anunciada, tenha alguma coisa a ver com a ampliação da área do terminal maritímo de Alcântara, nem com a concessão do monopólio do negócio dos contentores, nem com as possíveis cedências de terrenos com frente maritíma em Santa Apolónia, para construção de imóveis; Lisboa e as suas gentes, merecem mais e melhor qualidade do seu espaço público, naquilo que é uma vantagem sobre muitas outras cidades: O seu rio !
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